Histórias das colecções


Edição Limitada - animais do mar

Todos diferentes, todos iguais

A alforreca Joanna adora fazer ginástica nos dias quentes de verão. Para cima, para baixo, mais para cima, mais para baixo, ainda mais para cima...PUM!!! A Joanna choca contra a tartaruga Júlia, que está a boiar e a olhar para o céu distraída. 

‘Porque estás triste Júlia? Está um dia tão bonito!’, pergunta a alforreca.

‘Estou triste porque a lagosta Olívia e o caranguejo Sebastian não querem brincar comigo...Eles dizem que sou feia porque tenho quatro barbatanas e eles têm dez patas cada um.’

‘Mas tu és tão bonita, Júlia! Ora vê, eu também tenho quatro tentáculos. São moles e andam de um lado para o outro.’ A Joanna enrola-se toda para mostrar. ‘Os meus tentáculos são perfeitos para fazer ginástica na água! Anda, vamos nadar as duas e eu ensino-te como se faz,’ diz a Joanna.

De repente, o golfinho Gaspar passa por elas com grande rapidez. Gaspar adora surfar nas ondas da praia. Quando vem uma onda enroladinha em tubo, lá vai ele, rápido, rápido. 

‘Está um dia tão bonito! Querem brincar comigo nas ondas?’, pergunta o golfinho Gaspar. ‘Vamos nadar os três. Eu ensino-vos a nadar rápido. Viva o verão! Flap, flap!’ 

Umas ondas mais à frente, param os três. 

‘Vejam a lagosta Olívia e o caranguejo Sebastian! Vamos chamá-los,’ sugere o Gaspar.

Mas a Olívia e Sebastian não querem juntar-se à brincadeira.

‘Nós não podemos brincar convosco, porque somos diferentes. Cada um de nós tem dez patas para podermos correr depressa na areia,’ explica a Olívia. 

‘E eu tenho quatro tentáculos para poder nadar para cima e para baixo na água,’ diz a Joanna.  

‘E eu tenho quatro barbatanas para poder nadar muito longe na água e andar devagarinho na areia,’ diz a Júlia.

‘E eu tenho duas barbatanas e uma grande cauda para poder nadar muito rápido na água e apanhar as ondas da praia,’ diz finalmente o Gaspar enquanto salta para fora de água e faz uma pirueta no ar.  

‘Estão a ver? Somos todos diferentes e por isso não podemos brincar todos juntos,’ conclui o Sebastian.

Mas é então que o Gaspar tem uma ideia brilhante.

‘Vamos fazer um jogo,’ propõe o Gaspar. 

‘Boa! Adoro jogos!’, diz a Joanna.

‘Muito bem. Quem gosta de nadar no mar?’

‘Eu! Eu!’, respondem os animais todos ao mesmo tempo.

‘E quem gosta de brincar nas ondas da praia?’

‘Eu! Eu!’, respondem todos de novo.

‘E quem gosta dos dias quentes de verão?’

‘Eu! Eu!’, gritam todos.

‘Estão a ver? Somos todos diferentes: uns têm patas, outros têm barbatanas, outros têm tentáculos. Uns correm na areia, outros nadam no mar. Uns andam rápido, outros devagar. Mas gostamos todos de nadar, das ondas, e do verão!’, diz o Gaspar. 

A Olívia e o Sebastian olham um para o outro pensativos. 

‘Júlia, desculpa por termos dito que eras feia,’ dizem a Olívia e o Sebastian. ‘O Gaspar tem razão! Somos todos diferentes, mas cada um de nós é especial à sua maneira.’ 

E o mais importante?

‘Gostamos todos de brincar juntos!’

 

Colecção permanente - animais do bosque

 

O concurso dos animais

 

Está um bonito dia de Outono na floresta.
O pisco, o pardal, e o pinto querem saber quem canta melhor. Esforçam-se à vez, mas não conseguem decidir qual deles é o melhor cantor.
Os pássaros vão então ter com os coelhos e perguntam qual deles canta melhor. Cada um dos pássaros tenta dar o seu melhor canto. Mas os coelhos não se interessam, nem sequer ouvem os pássaros, porque estão preocupados em saber qual deles corre mais depressa. Esforçam-se à vez, mas não conseguem decidir qual deles é o corredor mais rápido.
Os pássaros e os coelhos vão então ter com as borboletas e perguntam qual dos pássaros canta melhor e qual dos coelhos corre mais depressa. Cada um dos animais tenta dar o seu melhor. Mas as borboletas também não
se interessam, nem sequer ouvem os outros animais porque estão preocupadas em saber qual delas é a melhor voadora. Esforçam-se à vez, mas não conseguem decidir qual delas é a voadora mais bonita.
Os pássaros, os coelhos e as borboletas vão então ter com as abelhas e perguntam qual dos pássaros é o melhor cantor, qual dos coelhos é o corredor mais rápido, e qual das borboletas é a voadora mais bonita. Cada um dos animais tenta dar o seu melhor. Mas as abelhas também não se interessam, nem sequer ouvem os outros animais porque estão preocupadas em saber qual delas é a melhor trabalhadora. Esforçam-se à vez, mas não conseguem decidir qual delas produz é a melhor trabalhadora.
Os animais discutem cada vez mais. Cada pássaro considera ser o melhor cantor; cada coelho o melhor corredor; cada borboleta a melhor voadora; e cada abelha a melhor trabalhadora. Nenhum deles é capaz de
reconhecer as qualidades dos outros, e por isso só conseguem discordar uns dos outros.
Nisto, passa uma pequena joaninha a caminho da sua horta. Ao ver esta grande confusão, pergunta o que se passa. A joaninha resolve então colocar-se no meio dos animais que discutem, mas ninguém a ouve, nem sequer reparam nela. Pergunta de novo o que se passa com toda aquela confusão, desta vez mais alto, mas ninguém a ouve.
No meio de toda agitação e discussão ninguém repara na joaninha. Sem repararem, os outros animais empurram a joaninha, pisam-na e entalam-na contra o chão. Sem poder respirar, a joaninha desmaia, imóvel.
No outro lado da floresta, a raposa, o esquilo e o ouriço ouvem o enorme alarido. Eles interrompem a sesta à sombra da grande árvore para descobrir o que passa. Quando chegam perto dos outros animais, vêem uma
enorme confusão de pássaros e coelhos, borboletas e abelhas, todos à luta para ver quem seria o melhor. Os pássaros competiam para ver quem seria o melhor cantor. Os coelhos competiam para ver quem seria o melhor corredor. As borboletas competiam para ver quem seria a voadora mais bonita. E as abelhas competiam para ver quem seria a mais trabalhadora.
Com os seus olhos fortes, a raposa olha com mais atenção para o concurso caótico dos animais e descobre a joaninha no meio do chão. Tenta parar os animais, mas ninguém a ouve, nem sequer reparam nela. Tenta de novo parar a grande confusão, desta vez quase aos gritos para tentar salvar a joaninha, mas ninguém a ouve.
Mas o ouriço pensa ter a solução para parar os animais. Enrola-se no seu próprio corpo até ficar uma bolinha e pede ao esquilo para o empurrar com força. O ouriço rebola até ao centro do concurso dos animais, e espeta bem os seus espinhos para fora. O concurso finalmente para, quando os animais ficam com medo de se espetarem nos espinhos do ouriço.
O esquilo pega com cuidado na joaninha. A joaninha desmaiou porque ninguém reparou nela. Cada um só estava preocupado em ganhar o concurso dos animais. Cada um só pensava em ser o melhor da floresta.
Os animais estão muitos tristes por terem magoado a joaninha. Os pássaros já não pensam em ser os melhores cantores, os coelhos já não pensam em ser os melhores corredores, as borboletas já não pensam em ser as voadoras mais bonitas, e as abelhas já não pensam em ser as mais trabalhadoras.
De repente, a joaninha mexe-se um pouco.
‘Está viva’, grita a raposa!
‘Mas está muito fraca e precisa de ajuda!’, diz o ouriço.
Agora, para salvar a joaninha, os animais têm de se unir. Em vez de pensarem em ser os melhores, cada um dos animais tem de dar o seu melhor para salvar a vida da pobre joaninha.
Primeiro, os pássaros cantam juntos pela primeira vez e percebem que os três juntos cantam muito melhor e mais alto do que sozinhos. Os seus cantos juntos conseguem acordar a joaninha. A joaninha está muito fraca e com muita sede. Precisa de beber água.
É então que os coelhos correm juntos pela primeira vez e percebem que os dois juntos correm muito mais rápido do que sozinhos. Elas trazem água do lago para a joaninha beber. Ainda fraca, a joaninha senta-se.
Precisa de ar fresco.

É então que as borboletas voam juntas pela primeira vez e percebem que as duas juntas batem as asas muito mais rápido do que sozinhas. A brisa fresca dos seus esvoaçares juntos anima a joaninha, que finalmente se põe de pé. A joaninha tem muita fome. Precisa de comer.
É então que as abelhas trabalham juntas pela primeira vez e percebem que as duas juntas produzem muito mais mel do que sozinhas. Elas trazem mel da colmeia para a joaninha comer. A joaninha consegue finalmente andar com a ajuda do esquilo.
A joaninha agradece à raposa, ao ouriço e ao esquilo por terem reparado nela quando todos os outros animais só queriam competir entre si para ver qual deles era o melhor cantor, o melhor corredor, a melhor voadora,
ou a melhor trabalhadora . Mas a raposa avisa a joaninha que eles não a salvaram sozinhos. Os pássaros acordaram-na com os seus cantos, os coelhos trouxeram-lhe água com as suas corridas rápidas, as borboletas deram-lhe ar fresco com o bater das suas asas, e as abelhas trouxeram-lhe o mel que produziram com muito trabalho. Para salvarem a joaninha, todos os animais pararam o concurso para ver quem era o melhor e aprenderam a colaborar uns com os outros. Juntos eram sempre melhores do que seriam sozinhos.
O importante não é ser o melhor da floresta, mas ser aquele que consegue ajudar mais animais.

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